Rei Lear
Companhia do Chapitô

Há um velho provérbio português que diz que “quem se deserda antes que morra, merece uma cachaporra”. Desconhecemos se na Inglaterra isabelina haveria dito de igual índole, mas a história do Rei Lear, que Shakespeare imortalizou numa das maiores das suas tragédias, quase que assim poderia resumir-se. Senão, recordemos: já velho, Lear decide dividir o reino entre as filhas Goneril, Regan e Cordélia a troco de uma prova de amor. As duas primeiras, falsas e gananciosas, adulam e seduzem o pai, enquanto Cordélia, sincera e desprendida de posses, acaba deserdada e apontada como traidora. Despojado de poder e riqueza, o rei percebe a trapaça das duas filhas mais velhas e enlouquece, abatendo-se sobre si mesmo e sobre Cordélia um triste desfecho.
Travando a fundo sobre tão pesarosos destinos, a Companhia do Chapitô, com a fisicalidade e o humor que em qualquer circunstância se lhe reconhece, oferece uma versão minimalista e metateatral da tragédia de Shakespeare, onde três atores vestem todas as personagens e a história é contada na íntegra, mas com o “mecanismo” do teatro, ou seja, do artifício, à vista de todos. [texto: Frederico Bernardino/Agenda Cultural de Lisboa]
Sessões extra a 28 e 29 de março
Ficha técnica:
Companhia do Chapitô. A partir da peça de William Shakespeare. José C. Garcia, encenação; Carlos Pereira, Susana Nunes e Tiago Viegas, interpretação.
Local: