Tartufo
Teatro da Garagem
Estreado em 2021, no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, no âmbito de um ciclo de espetáculos sobre fake news programado pelo Teatro Nacional São João, o Tartufo do Teatro da Garagem, a partir da tradução de Regina Guimarães, chega por fim a Lisboa, após todo um conjunto de incidências relacionadas com a pandemia.
Como bem lembra a companhia na folha de sala do espetáculo, trata-se de “uma alegre anomalia, isto se pensarmos que a companhia não pratica um teatro de repertório”. Para se entender o porquê da “alegre anomalia”, recorde-se quem é Tartufo, um religioso hipócrita e farsante que leva ao engano Dona Pernelle e Orgon, mãe e filho, burgueses gananciosos e despojados de valores nobres ou de ética.
Lembra o encenador Carlos J. Pessoa que esta comédia é uma “meditação sobre a mentira e a hipocrisia, mas também sobre a essência do teatro, essa máquina infernal de produzir impostura”. Vendo bem, em Tartufo, Molière é implacável com todas as personagens, não permitindo que se seja tão só vilão ou tão só herói. Afinal, “quando é que somos mais enganados? Quando somos tartufos ou quando somos tartufiados?”, questiona-se. No fundo, é para este jogo de espelhos de verdades e enganos que tão sabiamente Molière nos anda a convocar há quase 400 anos. FB
Ficha técnica:
Teatro da Garagem/Teatro Nacional São João. Molière, texto; Regina Guimarães, tradução; Carlos J. Pessoa, encenação; Ana Palma, Joana Raio, Miguel Damião, Paula Só, Sérgio Silva e Susana Blazer, interpretação.
6 € e 8 €
Local: