The Only Possible City
Meg Stuart
Meg Stuart expõe-se. Um rosto humano num espaço da representação hiper-humana. O real exposto num lugar de representação. Stuart olha-nos de frente, sem artifícios, com a determinação de quem nos fala, mas o seu olhar fraqueja ao ponto de se adivinhar uma questão: somos nós que olhamos Stuart ou é Stuart quem nos olha?
Nós olhamos Meg Stuart. E, no seu rosto, não vemos apenas a simples exposição da aparência, daquilo que está na frente da cabeça ou aquilo que a envolve, ou seja, o seu rosto não é entendido no seu sentido plástico, estético ou psicológico. Ele revela a alteridade. Mais do que a exposição de algo humano que escapa, ele revela-se constantemente.
Meg Stuart olha-nos. E, nesse gesto, encontra-se uma imposição, dando uma ordem e pedindo clemência, tal como nos diz Emmanuel Lévinas: “o rosto do Outro recorda as obrigações do ‘eu’”. Somos levados a tomar responsabilidades sobre quem nos olha, ali, no meio da escuridão.
O rosto de Meg Stuart, entidade feminina dentro desta capela que outrora fora habitada apenas por mulheres em reclusão, traz-nos o contraponto da velocidade de uma cidade e de um corpo experiente, viajado e livre. Neste local de refúgio, de mistério e de silêncio vemos um rosto, vemos um ser humano, vemos uma mulher, vemos uma bailarina e uma coreógrafa. O rosto de Meg Stuart não está no plano da representação. Ele ocupa o espaço.
Terça a domingo: das 10h às 18h
O bilhete do museu dá acesso a:
– “The Only Possible City”, instalação de Meg Stuart, na Capela das Albertas, no MNAA / BoCA;
– “Alignigung”, instalação de William Forsythe, no MNAA / BoCA;
– Coleção do MNAA.
6 € - (ver descontos)
Local: