No final da década de 1950, o pintor expressionista Mark Rothko aceita a encomenda do Edifício Seagram, em Nova Iorque, para conceber um conjunto de murais para o luxuoso restaurante Four Seasons. Para o ajudar na obra, o conceituado artista contrata um jovem assistente, Ken, estabelecendo-se entre os dois um diálogo reflexivo, muitas vezes violento, sobre a arte, o ser artista e a vida. O crescimento intelectual do discípulo acaba por confrontar Rothko com os tempos que mudam e, simultaneamente, com a perceção que o mestre tem do próprio percurso e do seu lugar na arte.

Da autoria de John Logan, reconhecido argumentista de Hollywood, coautor dos guiões de Gladiador e O Aviador, Vermelho é uma apaixonante ficção histórica em torno de um dos mais importantes pintores do século XX. Vencedora de vários prémios de teatro referentes a 2010, a peça “é uma discussão sobre a arte com o condão de dizer respeito a artistas e criadores, mas também ao mais comum dos espectadores”, nas palavras do encenador João Lourenço.

O ator António Fonseca interpretando o pintor Mark Rothko em “Vermelho”, de John Logan.

 

Assumindo em palco a figura de Rothko, António Fonseca destaca a admiração sentida pela “personalidade egocêntrica e misantrópica” do artista, mas com “uma notável capacidade de pensar a humanidade e a relação entre a arte e o ser humano”. No permanente conflito entre mestre e discípulo vivido em palco, fica o tempo e o espaço para que também o espectador seja capaz de pensar a arte e a vida, na esperança de, como diz o pintor, nunca “o preto devorar o vermelho.”

Sobre Mark Rothko

Nascido em 1903, em Dvinsk, na Rússia, Marcus Rothkowitz  (nome de batismo de Mark Rothko) é o quarto filho de um farmacêutico judaico que emigra em 1910 para os Estados Unidos da América. Em 1913, a família junta-se a ele, estabelecendo-se em Portland, Oregon. Ao longo do seu percurso escolar, Rothko demonstra grande interesse pelo estudo da arte, do teatro e dos clássicos, garantindo uma bolsa de estudos que lhe permite entrar na Yale University, onde estuda com Max Weber. Em 1923, acabará por abandonar Yale sem ter concluído o curso.

A paixão pelo teatro leva-o a Nova Iorque onde tenta ingressar, embora sem sucesso, no American Laboratory Theater. Acaba por se matricular na New School of Design e, entre 1925 e 1928, trabalha como ilustrador gráfico. Expõe pela primeira vez, em 1928, ao lado de Milton Avery, que se tornará seu mestre e amigo. Cinco anos depois, Rothko tem a sua primeira exposição individual em Nova Iorque, na Contemporary Art Gallery. Em 1935, ao lado de Adolf Gottlieb, funda o grupo The Ten que se baseia nos princípios da pintura realista, na exploração do expressionismo e da pintura abstrata, opondo-se ao conservadorismo dos círculos artísticos da época.

Mark Rothko

Dez anos depois, Rothko é já um pintor aclamado e expõe nas mais conceituadas galerias nova-iorquinas. Em 1952, surge ao lado de Clyfford Still e Jackson Pollock na histórica exposição Fifteen Americans no MoMA. Meia dúzia de anos depois, e após alguns colegas o acusarem de “desejar obter um êxito burguês” subvertendo a sua obra, Rothko aceita uma encomenda milionária de murais para o luxuoso restaurante Four Seasons. Mais tarde, abandona o projeto e devolve a totalidade da verba recebida.

1961 é o ano em que o MoMA acolhe a primeira retrospetiva da sua obra. No ano seguinte, o pintor rescinde o contrato com a Sidney Janis Gallery em protesto contra o apoio dado por esta à pop art. Rothko sofre um aneurisma em 1968, e os médicos proíbem-no de pintar telas com mais de um metro de altura. No ano seguinte, doa à Tate Gallery de Londres nove dos murais criados para o Four Seasons, com a premissa de que lhes seja dedicada uma sala onde possam figurar em conjunto [ver video]. Suicida-se, no seu estúdio, a 25 de fevereiro de 1970, dia em que os murais chegaram a Londres.

Caras e caros munícipes,

Face ao momento excecional que estamos a viver e aos constrangimentos e medidas que todos fomos forçados a tomar para combater a pandemia COVID-19, gostaríamos de vos dar nota da atenção e preocupação com que estamos a acompanhar os impactos desta situação na atividade cultural, artística e criativa.

Estamos conscientes dos desafios que se colocam no imediato e, por essa razão, queremos reafirmar que a Câmara Municipal de Lisboa honrará todos os seus compromissos financeiros para com os agentes culturais da cidade.

Nessa medida, o Município de Lisboa anunciou já um conjunto de medidas extraordinárias de apoio às famílias, às empresas e ao emprego, que abrangem naturalmente a área da cultura. Ver aqui.

Entre as medidas que contemplam os agentes artísticos e culturais, destacam-se as seguintes:

  • Isentar integralmente do pagamento de rendas todas as instituições de âmbito social, cultural, desportivo ou recreativo instaladas em espaços municipais até ao próximo dia 30 de junho, nela estando incluídos os ateliês municipais.
  • Assegurar aos agentes culturais o pagamento integral dos contratos já celebrados, nomeadamente pela EGEAC, através da recalendarização das programações, da sua adaptação para transmissão on-line, ou do reforço do apoio à estrutura da entidade.
  • Acelerar o pagamento às entidades culturais da cidade já beneficiárias de apoio, tendo em vista apoiar a manutenção das respetivas estruturas de funcionamento.
  • Alargar o sistema de apoio a agentes e entidades do setor cultural que atualmente não estejam abrangidos por apoios municipais, através nomeadamente do Fundo de Emergência Social. Ao mesmo tempo será reforçado o fundo de apoio a aquisições na área das artes plásticas e alargado o seu âmbito ao setor do livro e da arte pública.

Em relação ao Fundo de Emergência Social, um mecanismo da CML que até agora tem sido utilizado apenas para a área social e que será alargado ao setor da cultura, muito em breve daremos informação sobre as condições de acesso e as situações que irá cobrir.

No âmbito dos apoios RAAML, assinalamos que o técnico da Divisão de Ação Cultural – Direção Municipal de Cultura anteriormente designado para o acompanhamento de cada processo, ou protocolo, para o ano de 2020, mantém-se inteiramente disponível para esclarecer todas as questões e para informar de todos os desenvolvimentos que se vierem a verificar.

Gostaríamos também de reforçar que a Loja Lisboa Cultura mantém o seu atendimento aos profissionais e organizações do setor cultural, especializado e gratuito, embora em regime não presencial (email e telefone). Ver aqui.

Para além dos habituais serviços de informação na área fiscal, de licenciamento, impostos, apoios, segurança social, direitos e mobilidade internacional entre outros, a Loja Lisboa Cultura está também a reunir informação específica sobre todas as ações de apoio ao setor da Cultura resultantes da crise atual tomadas, quer pelo Governo, quer por outras entidades, como por exemplo, a Fundação Calouste Gulbenkian.

Nessa medida, através da Loja Lisboa Cultura, podem igualmente fazer-nos chegar as preocupações e sugestões individuais, ou da organização que representam, por forma a identificarmos mais facilmente os temas mais sensíveis e de maior utilidade ao setor da Cultura.

Por último, sublinhamos a total disponibilidade para o diálogo, certos de que a Cultura, sobretudo em tempos difíceis, é um fator essencial para o desenvolvimento de um futuro comum mais solidário e sustentável.

Catarina Vaz Pinto
Vereadora da Cultura
Câmara Municipal de Lisboa
……………………………………………………………………..
Informações sobre apoios ao sector cultural em
https://www.lisboa.pt/covid-19/a-cidade/cultura

Mal se percebeu a gravidade da situação, vários artistas, companhias e instituições culturais puseram mãos à obra para que o espetáculo não abandonasse as nossas vidas. No setor do Teatro, com as salas a suspenderem a carreira de largas dezenas de produções e a deixarem na mais profunda incerteza o futuro de atores, encenadores, técnicos e outros tantos agentes que fazem a arte acontecer, a solução passou por recuperar grandes sucessos do passado, imortalizados em registos de video, e disponibilizá-los online, através de plataformas de streaming ou em redes sociais.

Filipe La Féria foi um dos primeiros. Depois de My Fair Lady, o encenador apresenta, na página do facebook do Teatro Politeama a partir de dia 28, Maldita Cocaína, um musical de grande sucesso, estreado em 1993, estrelado por nomes como Ruy de Carvalho e Simone de Oliveira. Mas, no dia 27 de março, a partir das 23 horas, é na RTP1 que sobe o pano: a televisão pública apresenta a versão do encenador da popular peça de Alejandro Casona As Árvores Morrem de Pé, com Manuela Maria num papel mítico, outrora criado por Palmira Bastos e  imortalizado na história do teatro português.

Também na senda de recuperar espetáculos de sucesso, o Teatro Aberto assinala a data com a exibição da peça de Florian Zeller A Verdade, protagonizada por Paulo Pires, Miguel Guilherme, Patrícia André e Joana Brandão. Esta é mais uma encenação de João Lourenço a chegar a nossas casas, depois de a exibição de A Mentira ter sido um tão grande sucesso, através do site do Teatro Aberto alargou-se o período de disponibilização dos espetáculos, agora diariamente das 16h à meia-noite.

Junte a família e veja, ou reveja, A Origem das Espécies, uma aventura teatral a partir de Charles Darwin.

 

O Teatro Nacional D. Maria II também transferiu o palco para nossas casas e aposta em produções recentes via Vimeo. Na plataforma de streaming está “em cena” o musical “adolescente” Montanha-Russa de Miguel Fragata e Inês Barahona. A partir de dia 27, Dia Mundial do Teatro, duas novidades: às 11 horas “estreia” A Origem das Espécies, um espetáculo para toda a família da autoria de Carla Maciel, Crista Alfaiate, Marco Paiva e Paula Diogo, a partir de Charles Darwin; e à noite, pelas 21 horas, Sopro, o aclamado espetáculo de Tiago Rodrigues, com a particularidade de ser exibido em Português, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e nas versões legendadas em Inglês e Francês.O D. Maria II promete ainda mais novidades para esse dia especial, mas a entrada para os espetáculos faz-se, como vem sendo habitual por estes dias, por aqui.

Um estreia online, o teatro na rádio e o poder do direto

No dia em que previa estrear no palco do Teatro Taborda Mundo Novo, Carlos J. Pessoa e o Teatro da Garagem levam para as nossas salas uma versão em 15 episódios daquela que é a 101.ª criação do coletivo. É uma estreia absoluta que pode ser descoberta em primeira mão na plataforma Vimeo, com acesso pelo site oficial da companhia.

Entretanto, na Antena 2, pelas 19 horas de dia 27, os Artistas Unidos apresentam o texto de Bernardo Santareno, Restos. A peça tem direção de Pedro Carraca e repõe, posteriormente, a 5 e 10 de abril.

Para assinalar em grande o Dia Mundial do Teatro, a companhia liderada por Albano Jerónimo, Cláudia Lucas Shéu, Luís Puto, Francisco Leone e Rui Monteiro – o Teatro Nacional 21 -, apresenta várias leituras da dramaturgia portuguesa e internacional  (de Gil Vicente a Harold Pinter) por atores e atrizes como Rita Blanco, Bruno Nogueira, Mariana Monteiro, Isabel Abreu, Luísa Cruz, Ana Busttorf, Virgílio Castelo, Custódia Gallego, Emília Silvestre,  João Reis, Miguel Raposo, Anabela Moreira, António Durães, António Parra, Maria Leite, Guilherme Moura, Solange Freitas, Miguel Nunes e Marco Paiva. A festa conclui-se pelas 21 horas quando subir ao “palco” Albano Jerónimo, em direto da sua sala de estar, para uma versão “doméstica” de Veneno, de Lucas Sheu. A plateia reúne-se a partir daqui.

Obras de arte contemporâneas e clássicas, património imaterial, a história da cidade e informação sobre a importância de muitas personalidades nacionais estão, neste momento, acessíveis à distância de um clique. Arte, música, ciência, comunicação, património, história são algumas das temáticas abertas a visitas virtuais.

Esta é a oportunidade para conhecer, na Fundação Calouste Gulbenkian, a Coleção do Fundador, com objetos do Egito, do Oriente Islâmico e obras de Rembrant, Monet ou Rodin. Ainda na Fundação é possível visitar a Coleção Moderna, onde se encontram representados nomes como os de Paula Rego, Amadeo de Souza-Cardoso ou Almada Negreiros.

Para os que gostam de ciência, o Museu Nacional de História Natural permite explorar, entre outros, o Laboratório Chimico e a exposição Coleções de Naturalista. Já no Museu de Etnologia são dadas a conhecer as Máscaras de Transfiguração e Universalidade e as Pinturas Cantadas de Naya.

Também o Museu Nacional dos Coches partilha, nas suas redes sociais, visitas e exposições virtuais, peças da coleção, curiosidades e ainda alguns desafios.

A arte urbana espalhada pelas ruas da capital fica agora acessível a todos na Galeria de Arte Urbana online.

Para além destes locais existem muitos outros que oferecem cultura e património a partir de casa.

Aqui ficam os alguns sites que pode visitar:

Fundação Calouste Gulbenkian

Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado

Museu Nacional de Arte Antiga

Museu Nacional do Traje

Museu Nacional dos Coches e no facebook

Museu Nacional do Azulejo

Museu de São Roque

Museu Colecção Berardo

Museu de Belas Artes

Galeria de Arte Urbana

Museu do Fado

Casa-Museu Anastácio Gonçalves

Museu Nacional de História Natural e da Ciência

Museu Nacional de Etnologia

Museu Nacional de Arqueologia

Museu Virtual da Lusofonia

Museu Virtual – Aristides de Sousa Mendes

RTP – Museu Virtual

Museu das Comunicações

Museu da Carris

Museu Nacional da Música

Museu da Presidência

Torre de Belém

Panteão Nacional

Mosteiro dos Jerónimos

Palácio Nacional da Ajuda

Kirsten Hall

A Abelha

A abelha é uma das criaturas mais admiráveis do mundo e desempenha um papel fundamental na garantia de produção de alimentos, já que é um importante polinizador da flora. Mas ela está em perigo. Neste livro, com ilustrações de Isabelle Arsenault, é possível descobrir o incrível trabalho das abelhas e saber mais sobre como se pode defender e proteger este inseto do qual depende a vida humana!

Orfeu Negro

 

Bruno Vincent

Contos de Fadas para Millennials

Quem disse que os contos de fadas tinham de ser previsíveis? Bruno Vincent, autor de versões cómicas da clássica coleção Os Cinco, de Enid Blyton, decidiu modernizar 12 histórias tradicionais. O primeiro encontro do Sapo e da Princesa antes do primeiro beijo, ou a estratégia do Flautista de Hamelin para atrair mais seguidores são algumas das hilariantes versões de contos da nossa infância.

Nuvem de Tinta

Chimamanda Ngozi Adiche

Todos devemos ser feministas

Esta edição adaptada aos mais jovens e ilustrada por Leire Salaberria parte de um ensaio pessoal onde Chamamanda Ngozi Adichie apresenta uma definição única do feminismo no século XXI. Nesta exploração sobre o que significa ser mulher nos dias que correm, a escritora parte da sua experiência pessoal e defende a inclusão, a igualdade e os direitos humanos, desafiando todos a sonhar e a planearem um mundo diferente.

D. Quixote

Enid Blyton

Os Cinco

A famosa coleção Os Cinco, de Enid Blyton, chega agora também em versão banda desenhada. Os primeiros dois títulos a chegar às livrarias – Os Cinco e a Ilha do Tesouro e Os Cinco e a Passagem Secreta – foram adaptados pela dupla de franceses Béja e Nataël, que fizeram questão de manter as emoções que a obra tem transmitido a várias gerações desde os anos 40.

Oficina do Livro

Alexandre Honrado e Miguel Feio

Fernão não, Fernão Sim

Numa altura em que se comemoram os 500 anos do início da viagem de circum-navegação levada a cabo por Fernão de Magalhães, este livro, com ilustrações de Patrícia Furtado, brinda os mais novos com a história de Pedro Pulo, um menino que tinha o sonho de viajar e correr mundo, tal como fez o navegador português. O livro inclui uma secção final com um resumo sobre os legados da Expansão que esta aventura marítima originou em Portugal e no mundo.

Planeta

Macmillan Publishers International Ltd 2020

Os Meus Primeiros Heróis

Esta é uma coleção para ler e partilhar, perfeita para os mais pequenos. Através dos dois livros já publicados – Os Meus Primeiros Heróis: Artistas e Os Meus Primeiros Heróis: Cientistas – é possível conhecer os artistas e os cientistas que mudaram o mundo. Empurrando, puxando ou fazendo deslizar as imagens, os miúdos entre os 0 e os 3 anos vão descobrir as suas vidas inspiradoras e o seu trabalho notável.

Nuvem de Letras

Nota: os livros encontram-se disponíveis para encomendas online no site das respetivas editoras, bem como nos sites das grandes livrarias.

O teatro vê-se ao vivo. Mas, numa altura em que a regra é ficar em casa e é a saúde de cada um de nós que está em causa, o teatro pode muito bem ser visto a partir de um ecrã. É certo, como alerta a equipa do Teatro Aberto, que não se trata de teatro, mas sim de registos videográficos de seis espetáculos encenados por João Lourenço nas salas da Praça de Espanha ao longo dos últimos anos. Seja como for, trata-se de um presente para todos aqueles que gostam de ver teatro e que, durante algum tempo, não o poderão fazer.

Através do site do Teatro Aberto, semanalmente, vai ser disponibilizado, a partir das 21 horas, um espetáculo que se manterá “em cena” uma semana. Durante a última quinzena de março, serão apresentadas A Mentira (de 19 a 25) e A Verdade (26 a 1 de abril), peças quase siamesas escritas de Florian Zeller, que o Aberto representou em simultâneo, nas duas salas da Praça de Espanha, estreadas em dezembro de 2018. O elenco é comum e conta com Miguel Guilherme, Joana Brandão, Paulo Pires e Patrícia André.

Em abril, o “palco” é de Vermelho (2 a 8), de John Logan, uma ficção histórica sobre a figura do pintor Mark Rothko, aqui interpretado por António Fonseca. Seguem-se Noite Viva (9 a 15), de Conor McPherson, um espetáculo de cine-teatro protagonizado por Vítor Norte, e o muito aclamado O Preço (16 a 22), de Arthur Miller, que reuniu em 2013 um elenco de luxo encabeçado por João Perry. A fechar, Amor e Informação (23 a 29), um frenético mosaico de relações humanas composto por meia centena de peças curtas de Caryl Churchill.

Bons espetáculos.

Para quem gosta de cinema e numa altura em que ficar em casa é palavra de ordem, vários sites – festivais, coletivos, realizadores – disponibilizam filmes online.

A maioria gratuitos, outros a preços acessíveis. Aqui ficam algumas das plataformas onde é possível encontrar filmes clássicos e experimentais, obras de ficção, documentários, vídeo arte, cinema alternativo e underground:

RTP Play – filmes/séries/documentários

Collectif Jeune Cinema – Estrutura de divulgação de práticas experimentais de imagem e cinema

APAR – Coletivo on-line de cinema alternativo e underground

Talking Shorts | My Darling Quarantine – Revista de cinema on-line de divulgação de curtas-metragens

IDFA | International Documentary Film Festival Amsterdam

Mosfilm – Um dos mais antigos estúdios de cinema europeus. Obras da União Soviética.

IFS – Experimental Film Society

SXSW Shorts – Plataforma online de curtas-metragens

Ishia Film Festival | Films Against Coronavirus

Medeia Filmes | Quarentena Cinéfila

À Pala de Walsh – Filmes de realizadores portugueses

Open Culture – 1150 filmes online

Ubu Web – Filmes avant-garde e vídeo arte

Czech Film Classics

Lithuanian Folk Films

Lithuanian Short Documentary – Filmes e vídeo arte

NFI – National Film Institute Hungary 

RareFilmm – The cave of forgotten films

Le Cinema Club – Apresenta Flores, de Jorge Jácome

The Ballad of Genesis and Lady Jaye, de Marie Losier

10 Years With Hayao Miyazaki, de Kaku Arakawa

Shortcutz

Terratreme Filmes

Agência – Portuguese Short Film Agency

IndieJúnior Allianz

Monstra Festival – Uma curta por dia

Plataformas online de aluguer e compra de filmes:

Filmin

DAFilms – DocAlliance

Mubi

Videoclube da Zero em Comportamento

Spamflix

Ler pode ser o melhor remédio para lidar com o estado de exceção que vivemos por estes dias. Numa notável iniciativa em prol da cultura portuguesa, a Imprensa Nacional Casa da Moeda disponibiliza os mais recentes ensaios publicados na coleção O Essencial Sobre…

São 15 estudos assinados por figuras de referência como José Augusto França, António Mega Ferreira, Guilherme D’Oliveira Martis ou Maria João Castro, sobre personalidades como Picasso, Chaplin ou Dante, ou instituições incontornáveis, como a Companhia Nacional de Bailado ou os Ballets Russes.

Eis a lista com respetivas hiperligações:

#aagendaculturalestaemcasa

Em A Última Estação, o ponto de partida foi a tua semelhança física, plasmada numa fotografia, com o assassino em série Ted Bundy. Agora, recuperas uma história de família sobre as expetativas do teu pai quanto ao bebé que haveria de se chamar Elmano…

Depois de terem tido um filho, os meus pais convenceram-se de que iriam ter uma menina de nome Cleópatra. No espetáculo, parto da suposição de ter nascido menina, questionando que mulher me teria tornado hoje. Nesta ficção, e é importante recordar que é uma ficção, essa figura que nunca existiu chama-se Cléopâtre.

Porque convidaste o Pedro Simões (Filha da Mãe) e o Dennis Correia (Lexa BlacK), dois drag queens, para o espetáculo?

Além de dragqueens, o Dennis Correia é licenciado em Teatro pela ESTC e o Pedro Simões em Dança pela Escola Superior de Dança. Estão habituados a criar esse outro eu, não só para uma performance enquanto drags mas também para um espetáculo de teatro. A imagem foi, desde logo, muito importante: a Lexa BlacK é muito feminina, mais próxima daquilo que se “julga” entender como feminino, enquanto que a Filha da Mãe tem barba. O processo de construção das personas deles é aplicado meticulosamente para tentar dar vida à figura da Cléopâtre. Qual será a sua aparência? Para tal, interessou-me estudar as características do transformismo dos anos 80 e 90 do século passado, que procurava aproximar-se e ser fidedigno à imagem da “mulher “ e o drag do século XXI, que acompanha a própria evolução do que se entende hoje como género.

Eles foram essenciais no processo criativo?

Foi com eles que procurei encontrar essa figura feminina, e digo “figura” porque não sei se é uma personagem. E talvez não devesse dizer feminina…

Porquê?

Porque não sei o que a Cléopâtre é. Ainda estou a tentar perceber isso com a ajuda do Dennis e do Pedro.

Pedro Simões (Filha da Mãe) e Dennis Correia (Lexa BlacK), dois drag queens, partilham o palco com o autor, encenador e ator. ©Sofia Berberan

 

Como foi trabalhar com drag queens?

Desde o I Can´t Breathe que tenho trabalhado com pessoas que, embora ligadas ao espetáculo, às artes performativas, ao trabalho de ator e à transformação, se encontram na margem, afastadas daquilo que consideramos o centro. São parceiros fundamentais para analisar alguns fenómenos atuais. No caso da Ana Monte Real, atriz de filmes pornográficos, para tentar entender o novo conceito de pornografia na sociedade contemporânea, e com a Lexa BlacK e a Filha da Mãe, drag queens, para explorar a complexidade do que entendemos por identidade.

Não temes que a convocação de artistas “não convencionais” ganhe protagonismo sobre a essência do espetáculo?

O tema principal deste espetáculo não é sobre os performers envolvidos, embora o corpo deles convoque temáticas como transformismo ou género, como é o caso de Damas da Noite. Isso já acontecia em I Can’t Breathe. A presença de uma atriz porno trazia o universo da pornografia para a cena, e no entanto, não havia qualquer toque entre nós, nem tão pouco nudez. Nas Damas da Noite, fala-se, essencialmente, de teatro. Somos convocados para tentar explorar algo muito maior do que nós.

“A ideia da biografia é o trampolim para aceder a uma ficção que acaba por se tornar ainda mais real.”

 

Mas, ao mesmo tempo, o ponto de partida dos teus espetáculos são biográficos…

Trabalho com a dualidade do que se considera ser verdade e mentira. No I Can´t Breathe, perguntavam-me muitas vezes se a história da Ana Monte Real era verídica. Para quem procurou, nesse e noutros espetáculos, resgatar o mistério e a ilusão perdidas na “sociedade da transparência”, revelar essa informação não é importante e muito menos essencial. Há elementos biográficos e há elementos da ficção, como em qualquer obra. Gosto da ideia da biografia como o trampolim para aceder a uma ficção que acaba por se tornar ainda mais real.

Damas da Noite subintitula-se Uma Farsa de Elmano Sancho. Porquê a “farsa” e o nome próprio?

O título é uma metáfora. As damas da noite são flores que abrem à noite, deitam um cheio muito intenso e fecham-se quando o dia nasce. Tal como esses homens que se transformam à noite e, de dia, voltam às suas vidas quotidianas, muito embora, hoje, os drag queens vivam também de dia. Ao mesmo tempo, a flor tem uma simbologia feminina forte. O subtítulo surgiu à medida que fui construindo o espetáculo e me apercebi que estava perante uma farsa. Pareceu-me evidente que o público também o deveria saber antes de entrar na sala de espetáculos.

Enquanto criador, os teus espetáculos têm tido a particularidade de serem, também, apresentados fora dos grandes centros urbanos, em cidades mais pequenas. Como tem sido levar estas propostas a públicos que têm um contacto menor com objetos artísticos tão transgressores e experimentais?

A reação que tenho considerado mais interessante é quase sempre em relação ao texto, mesmo com aqueles que não são meus, como no caso das digressões com os Artistas Unidos. Para além disso, apresentar as Damas da Noite numa cidade do interior com dois drag queens provoca naturalmente mais curiosidade do que aqui em Lisboa ou no Porto e a tensão criada entre os espectadores e os intérpretes acaba por ser maior ou, pelo menos, sentida com mais intensidade. Por fim, a temática, por si só, parece criar, desde logo, todo o enquadramento necessário para que afrontemos esta transformação. Afinal, o lado alegre que caracteriza o universo drag acaba por mascarar, ainda que temporariamente, assuntos sérios e delicados.

Ao longo destes anos foram homenageados no Monstra – Festival de Animação de Lisboa mais de 20 países mas, neste aniversário, o destaque vai para “o Mundo”. O programa exibe, para além das obras que marcaram a história do festival, alguns dos filmes de animação que foram produzidos recentemente, casos de Setembro, de Ricardo Mata e de A Famosa Invasão da Sicília pelos Ursos, de Lorenzo Mattotti, que integrou a secção Un Certain Regard, no Festival de Cannes, em 2019. Destaque também para o filme-concerto Solar Walk, onde é projetada a curta-metragem de Réka Bucsi, acompanhada ao vivo pela Big Band da Escola Superior de Música de Lisboa.

Há ainda filmes históricos para ver na Cinemateca, sessões para escolas e famílias na programação da Monstrinha e a exposição com figuras dos filmes de Tim Burton, no Museu da Marioneta. Para assinalar o 20.º aniversário, a Agenda Cultural de Lisboa falou com personalidades ligadas ao festival e ao cinema de animação.

Fernando Galrito

Diretor artístico da Monstra e professor de animação

Para Fernando Galrito o balanço dos 20 anos da Monstra é muito positivo. Ao longo deste tempo o festival teve mais de 1 milhão de espectadores e transformou a vida pessoal de quase todos os que nele trabalharam ou trabalham. Abriu portas e deu protagonismo ao cinema de animação dentro e fora do país (esteve presente em mais de 150 cidades internacionais). Por isso, talvez se justifique que este ano o convidado especial seja o Mundo!

Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas

Diretores da Nebula Studios e realizadores

A dupla de realizadores estreou no Monstra, em 2019, um dos primeiros filmes de animação portuguesa de produção independente. A curta Don’t Feed These Animals, apresenta um coelho bipolar que tem um apetite voraz e que certo dia, por acidente, dá vida à sua comida favorita: uma cenoura. Guilherme e Miguel são também dois dos diretores da Nebula, produtora audiovisual especialista em animação 3D e efeitos visuais. A empresa, criada em 2008, é responsável pela publicidade de grandes marcas, mas resolveu apostar no cinema de animação.

 

Susana Realista

Produtora da Monstrinha

A Monstrinha nasceu também há 20 anos apresentando aos mais novos o melhor cinema de animação produzido no mundo. Susana Realista, uma das responsáveis pela produção deste festival dentro de um festival, refere a importância que a Monstrinha tem tido na formação do público mais jovem. No primeiro ano do festival assistiram 3000 pessoas, em 2019, só a Monstrinha contou com 27 mil crianças, jovens e famílias. Mas mais importante que os números, é a partilha cultural, artística e humana que se constrói com milhares de crianças.

 

Nuno Beato

Produtor na Sardinha em Lata, realizador e professor

A produtora Sardinha em Lata nasceu pela mão de Nuno Beato, em 2007. Dos vários projetos destaca-se a série Ema & Gui, realizada em 2010 para televisão e exibida no programa Zig Zag da RTP 2. A Monstra dedica uma exposição à série, no Cinema São Jorge, e uma conversa que conta com a presença de Nuno Beato. Para 2021 está prevista a estreia da primeira longa do cineasta: Os Demónios do Meu Avô. Escrito por Possidónio Cachapa, decorre numa aldeia imaginária em Vale do Sarronco, povoada de humanos, animais e seres fantásticos inspirados no universo da ceramista Rosa Ramalho.

 

José Miguel Ribeiro

Produtor na Praça Filmes, realizador, ilustrador e professor

Um dos fundadores da produtora Praça Filmes, José Miguel Ribeiro foi este ano o autor do cartaz da Monstra. Realizador do filme A Suspeita, vencedor do Cartoon D’Or, o prémio mais importante de curtas de animação europeias, é também curador de um programa de curtas-metragens portuguesas, nesta edição do festival. Neste momento, o cineasta está a desenvolver o projeto Nayola, uma longa de animação com argumento de Virgílio Almeida, baseado na peça A Caixa Preta, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto.

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