Os seus trabalhos estão longe de obedecer a uma categorização simplista tendo em conta que promovem um diálogo entre áreas de criação distintas. Apesar disso, ainda se considera uma autora de teatro?

Sim. Ainda que tenha projetos que se limitem ao cinema, a maior parte dos meus trabalhos assentam em linhas de fronteira, mas dão-se no espaço teatral. Portanto, estão enquadrados no contexto da performance e na relação direta com o espectador. É interessante você usar a palavra “autora” [de teatro] porque nestas linhas de passagem, nesta deslocação de um território para o outro, há algo mais do que uma “diretora” [de teatro]. A ideia de autoria, no meu teatro, passa por escrever num espaço invisível (como numa parede que não existe) que sempre ganha forma na tridimensionalidade dos atores.

E a sua metodologia de trabalho, mesmo em cinema, parte do teatro?

O teatro é o lugar de onde parto, mas também é onde sempre volto. Um projeto de cinema tem particularidades, mas existe sempre uma perspetiva performativa que passa, sobretudo, pelo modo como eu me conecto com o tempo do espectador.

Na sua obra, o que é que o teatro empresta ao cinema, e vice-versa?

Existe um contágio permanente entre teatro e cinema. Profissionalmente, a minha formação é Teatro, apesar de ter estudado jornalismo, filosofia e cinema. Na maior parte dos meus trabalhos para teatro sempre reconheci o cinema como dispositivo e procedimento, não necessariamente através da projeção, mas como poderia usar os meios do cinema para dispor a cena para o espectador. Logo, esse contágio sempre existiu, independentemente, de eu estar a fazer um filme em cena como acontece nos trabalhos mais recentes. A minha experiência cinematográfica também carrega a memória do que eu havia feito no teatro. Por exemplo, A Falta Que nos Move [a exibir no Cinema São Jorge, a 20 e 21 de novembro] é um projeto que nasce no teatro e transforma-se num filme; no Temps d’ Images apresentarei um conjunto de filmes que nasceram como documentários e são base para vários desdobramentos, como serem exibidos numa sala expositiva (o que também muda a relação do espetador com a imagem); e Utopia.doc [documentário que estará em exibição no Cinema Ideal, também em novembro] partiu do trabalho de pesquisa para o espetáculo/filme E se Elas Fossem para Moscou? Portanto, no meu trabalho, o contágio é permanente, tanto na criação de linhas de tensão entre teatro e cinema, como juntando-os num só.

A Floresta que Anda

Isto não quer dizer que a Christiane chegou a um momento e achou que o teatro já não era suficiente…

Não, não (risos)… Aquilo que sempre me interessou foi atualizar a relação entre a cena e o espectador, ao mesmo tempo que eu mesma ia repensando os meus procedimentos criativos. E isso, pode dar-se num ou noutro território, ou até mesmo somá-los.

A aclamação internacional trouxe o seu trabalho para os grandes palcos da Europa – lembro, recentemente, ter dirigido a Comédie Française, tornando-se a primeira brasileira a fazê-lo; ou a estreia mundial de Itaca [em junho, no Teatro São Luiz] no Odèon. Apesar de ter já muitos anos de trabalho, sente-se hoje uma criadora que todos disputam?

Há duas respostas possíveis a uma obra artística: ou somos muito jovens e ganhamos visibilidade com um trabalho, ou trazemos já uma obra mais extensa, com um processo de amadurecimento consolidado. No meu caso, aconteceu a segunda. Até 2011 tinha apresentado alguns trabalhos na Europa (como aqui, no Festival de Almada, em Berlim, em Viena, em Barcelona…), mas é a partir dai que começa a ser constante a minha presença na Europa. Curiosamente, sinto não ter sido descoberta, mas ter conseguido dialogar com outros públicos, de diferentes lugares, culturas e línguas. Como tenho dito, a relação com o espectador é fundamental no meu trabalho e nada é mais desafiante para um artista que poder expandir o diálogo, numa possibilidade de troca entre aquele que mostra e aquele que assiste. Sinto que as minhas criações cresceram com essa aceitação. E isso aconteceu também quando dirigi artistas de outras culturas e linguagens, embora mantendo a essência do meu trabalho.

Estando agora na Europa, a viver em França, como é que tem convivido à distância com o seu Brasil, sobretudo num tempo de tanta conturbação politica e social?

Existe a distância física, é verdade, mas ao mesmo tempo uma conexão profunda. É um momento sombrio e terrível aquele que se vive no Brasil. Estamos a dar demasiados passos para trás e adivinha-se o perigo de uma ditadura. Aliás, é necessário uma resposta mundial a esta tenebrosa urgência do fascismo…

E as suas criações poderão contribuir nessa resposta?

O meu teatro e o meu cinema são sempre sobre o momento presente, mesmo quando trabalho os clássicos.

Precisamente, os clássicos. A sua obra tem sido adjetivada de “experimental”, “radical” ou “subversiva”. Porém, os clássicos estão muito presentes, não só em peças mais recentes como Júlia  (Strindberg), E Se Elas Fossem para Moscou? (Tchekhov) ou Ítaca (Homero), como em alguns trabalhos mais antigos…

Durante algum tempo, trabalhei textos da minha autoria que partiam de material documental para se transformar em ficção, mantendo vincada a questão da memória e a sua relação histórica [Conjugado, que passou no Festival de Almada em 2006, é um exemplo]. Sendo também alguém que escreve, sou antes de mais uma leitora voraz. Por isso, tenho uma fortíssima relação com os clássicos. Ao contrário do que sucede com os meus textos, ao trabalhar os clássicos não apelo à memória de um conjunto preciso de pessoas (como as que me rodeiam ou as que entrevisto para transformar em matéria dramática), mas sim à memória coletiva, uma memória que está presente em cada um de nós – isso acontece com Tchekhov ou com Homero – e que é facilmente identificável. Os clássicos tratam uma história que atravessa a História, e na qual coloco um alvo e procuro perceber como posso abordar o agora. São textos que continuam a iluminar os dias de hoje… Não acontece com todos e em todas as alturas, claro está, mas sucede com alguns deles, como no Ítaca, que eu trabalhei a partir de A Odisseia e proponho uma leitura bem atual sobre o ser estrangeiro, o ser refugiado, o ser migrante.

Ítaca – Nossa Odisseia I

Portanto, nada pode parecer mais contemporâneo do que um clássico…

A reapropriação de uma obra do passado para o presente é um voltar à própria obra. Por exemplo, quando Strindberg escreveu Menina Júlia, ele estava a pensar o seu tempo. Mas, no Júlia, ao pensá-lo nos dias de hoje, ao reapropriar-me dele, ao manter muitas vezes o texto, ao ser-lhe tão fiel, estou a tratar o clássico não como uma peça de museu, mas sim como matéria viva. Por isso, um clássico é sempre contemporâneo.

O que significa para si ser a Artista na Cidade, aqui em Lisboa, neste ano de 2018?

Para mim, enquanto artista brasileira, sobretudo no contexto atual do Brasil, é muito importante. Apesar de uma história que nos separou, temos em comum a mesma língua e, no caso do teatro, poder apresentar o meu repertório sem intermediação de legendagem é muito mais do que uma facilidade – diria que é essencial, porque o teatro é sobre a comunicação direta e sobre a relação com o público. Também politicamente é fundamental que a minha história seja mostrada aqui, até porque o artista é o lugar de onde vem e dos movimentos onde se insere, e por isso, ao apresentar o meu trabalho mostro também o Brasil de hoje. Por último, esta oportunidade de dar a conhecer esta parte da minha obra é muito interessante porque cada um dos meus trabalhos parte da interrogação do anterior. E, a programação da Artista na Cidade permite, em maio e junho, apresentar os espetáculos cronologicamente, e nos meses seguintes ver aqueles que estão mais conectados com o audiovisual.

Para concluir, gostaria de saber se já pensou em “reapropriar” algum texto da literatura portuguesa, relembrando que, há uns anos, a Christiane levou à cena Memorial do Convento de José Saramago.

O Saramago já era um clássico! Mas o meu primeiro afeto da literatura portuguesa foi Fernando Pessoa. Confesso que, de repente, não penso em nenhum autor, apesar de reconhecer como muito interessante o movimento da dança e do teatro em Portugal, e de toda a afinidade que tenho pelo Tiago Rodrigues, artista muito profícuo e que muito me agrada na forma como escreve. Acho que não respondi à sua pergunta [risos], mas quem sabe se numa futura entrevista possa avançar algo mais.

 

SaveSave

Quando da sua estreia em Londres, em 1964, Entertaining Mr. Sloane – O Hóspede, nesta versão da Comuna – teve o condão de não deixar ninguém indiferente pela sua “infinita exibição de perversão mental e física”, como se leu nos jornais da época. A peça, a primeira que o controverso Joe Orton viu levada à cena, é um magnífico exercício de amoralidade, fazendo plena justiça àquilo que o dramaturgo pensava sobre a sociedade: “A puta velha da sociedade levantou as saias, e o fedor foi nauseabundo.”

 

Elsa Galvão e Carlos Paulo numa cena da peça

 

Partilhando muito do ponto de vista de Orton, João Mota (que, confessa, nunca até aqui ter pensado encenar a peça) leva à cena esta comédia muito negra, muito ácida e ainda mais pessimista, povoada por “personagens terríveis”, como dois irmãos inescrupulosos, absortos em recalcamentos sexuais; um pai preconceituoso e vil; e um hóspede amoral e psicopata. Todos juntos, numa casa com vista para uma lixeira, “espelho deste nosso mundo”, como reforça o encenador.

“O que é mais fascinante neste texto é surgir no meio do drama naturalista a comédia negra, sublinhada pelo olhar sobre uma humanidade no caos”, refere Mota, lembrando como, nestes dias em que vivemos, vamos estando reféns de “mentirosos e psicopatas” que tomaram o poder. Aliás, se o sedutor Xavier é um convicto amoral e um assassino mais do que em potência, os irmãos Catarina (Elsa Galvão) e Alberto (Carlos Paulo) são tudo menos crédulos inocentes, apesar de enredados na teia da manipulação que o jovem tece. E de sedutores e manipuladores anda este mundo cheio!

O Hóspede estreia a 1 de maio, mantendo-se em cena até 24 de junho, no Teatro da Comuna.

Será possível o amor sobreviver em tempos de crise? O enredo de Casimiro e Carolina, à semelhança do de outras grandes histórias de amor, é suficientemente pessimista para o considerar impossível. Apesar de tudo, estamos perante uma comédia, tão acre como o sabor da cerveja que escorre pelas bocas de personagens sequiosas por esquecer a realidade e, se possível, a si mesmas.

Tudo se passa ao longo de uma noite, numa festa de cerveja, em Munique. A crise de 1929 ensombra o futuro imediato e no horizonte adivinham-se dias ainda mais sombrios, mesmo que o magnânimo “navio que voa”, o Zepelim, pareça anunciar uma Alemanha renascida e, de novo, poderosa. Porém, cá em baixo “morre-se à fome”, como aponta o recém-desempregado Casimiro, revoltado com o fascínio de todos perante aquele anúncio de um mundo de oportunidades a cruzar os céus.

Apesar do desespero, Casimiro tem o amor da namorada, Carolina. E está numa festa para se divertir, dançar e beber. Mas, a realidade, essa transporta-a consigo, e nunca dela se liberta, mesmo que todos em seu redor a queiram esquecer. E isso, ele não perdoa a Carolina, que exige, naquele momento, viver tudo o que a festa tem para dar.

Pela terceira vez, o ator e encenador Tónan Quito dirige uma peça de Ödon von Horváth, dramaturgo que até há poucos anos era pouco representado em palcos portugueses, mas que a crise iniciada em 2008 revestiu de uma assinalável atualidade e urgência. Segundo Quito, “Horváth é um cronista magistral” que plasmou em parte considerável da sua obra o ambiente que se vivia na Alemanha nos finais dos anos 20 e inícios de 30, pronunciando a tragédia que se viria a abater sobre a Europa.

Casimiro e Carolina, provavelmente a sua peça mais famosa, é um ensombrado “elogio ao amor”, mas também o retrato de um mundo em que tudo está à venda (como o amor, o sexo ou as emoções) composto como se de uma comédia se tratasse, mas com “personagens que jamais dizem o que pensam. E isso é, precisamente, o núcleo da tragédia no teatro de Horváth.”

Neste bairro cosmopolita há uma movida própria, onde as associações culturais desempenham um papel importante. São espaços de lazer e de troca cultural que oferecem concertos, aulas de dança, sessões de cinema, debates e conversas, performances, diversos desportos ou jam sessions, entre outros serviços que pretendem aproximar as populações e comunidades. A Agenda Cultural foi conhecer alguns espaços que fazem da zona dos Anjos/Graça a mais alternativa da cidade, atraindo quem foge das massas e dos locais turísticos de Lisboa.

Anjos70

Dia 1 de abril de 2017 inaugurava o Anjos70. Há precisamente um ano, o carismático espaço, que já servia de casa à Feira das Almas, abriu com uma nova cara e uma nova gerência. A feira, com as suas bancas de produtos vintage e de novos trabalhos de artesãos, artistas e criadores de todo o País, continua a ter ali lugar no primeiro sábado de cada mês. Num ambiente confortável e favorável à criação artística, o Anjos70 conta com uma oferta cultural diversificada e transversal, que varia entre concertos e sessões de dança, clubes de cinema, exposições e feiras. Às quartas-feiras, a partir das 19h, tem lugar as eclécticas jam sessions.

MOB Espaço Associativo

O MOB, que mora agora junto ao Intendente, integra vários coletivos que partilham o desejo de pensar e construir associativamente. A celebrar o seu 4º aniversário, este espaço aberto à comunidade oferece de tudo um pouco, desde uma livraria que promove uma feira do livro noturna e lançamentos de livros, a aulas de teatro, canto e piano, passando por debates e visionamentos de documentários ligados ao activismo. Complementam a programação mostras informais de processos em criação, através de ensaios abertos, e diversos workshops, mostras de música, leituras e conversas. Mas, acima de tudo, o MOB é um local de partilha, aberto a novas propostas onde qualquer pessoa pode sugerir uma noite cultural, um workshop ou um ensaio no espaço.

BUS – Paragem Cultural

Nascido há sensivelmente quatro anos, o BUS – Paragem Cultural é de e para a comunidade. Nunca dizer que não a um projeto que se lhe apresente está na sua génese, seja ele de que natureza for. O forte do espaço são os concertos que acontecem quase todas as noites e até já contam com bandas residentes. Ao palco sobem também espetáculos de teatro e dança. Esta associação multicultural, onde se reúnem pessoas de todo o mundo, oferece ainda formação nas áreas da dança – onde contam com uma grande variedade de estilos – teatro de improviso, yoga ou capoeira, dirigido a miúdos e graúdos.

Damas

As Damas são mais um espaço de abril. Faz 3 anos no dia 25 deste mês que o local, de entrada livre, abriu portas e até à sua afirmação como spot a frequentar na noite lisboeta foi um instante. O espaço, que pretende proporcionar um acesso democrático à cultura nas suas diferentes representações, oferece uma programação variada, que vai desde concertos de música eletrónica, indie rock, sons africanos, entre outros, passando por DJ sets, performances e lançamentos de álbuns, editoras e promotoras. Se quiser ficar a conhecer melhor este original espaço, dia 24 junte-se à festa!

Crew Hassan

Com sensivelmente três anos de existência na Rua Andrade, o Crew Hassan funciona no regime de associação e tem como objetivo ser um espaço de intervenção artística. Com um ambiente descontraído e alternativo, recebe tertúlias, debates, muitos workshops, exposições e até aulas de yoga e tai-chi. Os concertos, apesar de menos frequentes, também têm lugar, numa onda mais intimista e sempre original. A programação é diária, ou seja, entre as 15h e as 00h há sempre coisas a acontecer. Repleto de mobiliário um tanto ou quanto aleatório e vintage, este espaço de convívio promete tardes e serões bem passados entre amigos.

Situado no centro do triângulo formado pelas Amoreiras, Estrela e Prazeres, Campo de Ourique é um dos bairros com mais identidade de Lisboa. Por se situar num planalto, esta área sempre se chamou de campo, ao que se juntou o nome Ourique em homenagem à célebre batalha ocorrida em 1139, supostamente na cidade hoje conhecida como Ourique, no Alentejo. Terras de pão e oliveiras nos séculos velhos, chãos rústicos de quintas e terrenos para merendas e passeios até ao século XVIII, só nos anos pós-terramoto Campo de Ourique recebeu a primeira grande vaga de povoamento, apressada pelo arrasamento de uma grande parte de Lisboa. Foi, aliás, por esta ter sido a primeira zona a não ser afetada pelo maremoto de 1755 que surgiu a expressão rés-vés Campo de Ourique.

A Igreja do Santo Condestável, que se ergue no centro de um amplo largo, é o ponto de partida deste itinerário. Austera, esta igreja matriz de estilo neogótico foi projetada em 1946 pelo arquiteto Vasco Regaleira em honra de D. Nuno Álvares Pereira, Santo Condestável. Foi consagrada e inaugurada a 14 de agosto de 1951, no aniversário da Batalha de Aljubarrota. Na fachada, por cima da porta de entrada, encontra-se uma escultura de Nuno de Santa Maria – nome que o Condestável adotou depois de se ter juntado à Ordem Terceira do Carmo – ladeado por dois anjos, da autoria de Leopoldo de Almeida. No interior, um túmulo relicário executado em 1953 pelo escultor Domingos Soares Branco acolhe as relíquias de D. Nuno Álvares Pereira. Ao fundo do transepto, dos dois lados, é possível apreciar os vitrais de Almada Negreiros, alusivos à devoção do Santo Condestável a Cristo e sua mãe. O fresco que representa a glorificação de Nuno Álvares Pereira, pintado por Portela Júnior, adorna a capela-mor.

Descendo pela lateral do terreiro da igreja, entra-se na Rua Saraiva de Carvalho em direcção à Praça São João Bosco, onde se ergue um monumento em memória do santo, numa homenagem feita pela família Salesiana e pela cidade de Lisboa a um homem que, tendo falecido em 1888, deixou uma obra notável. Sacerdote católico italiano e educador, Dom Bosco fundou a Pia Sociedade São Francisco de Sales, conhecida por Salesianos, e dedicou a sua vida aos jovens. Foi proclamado santo em 1934. Do lado esquerdo, erguem-se as instalações dos Salesianos de Lisboa, atualmente colégio de ensino externo. Do outro lado da praça, é possível avistar a entrada do Cemitérios dos Prazeres, construído em 1835, cuja traça do portão é da autoria do arquiteto Domingos Parente.

Contornando o quarteirão da Praça São João Bosco e virando posteriormente à direita na Rua Padre Francisco, chega-se ao Mercado de Campo de Ourique. É um dos mercados mais antigos de Lisboa, tendo sido mandando construir por iniciativa de José Dionísio Nobre, empresário e residente do bairro, sob o projeto do arquiteto Couto Martins. É inaugurado em 1934 e Dionísio Nobre consegue a sua concessão durante 40 anos. Em 1973, o mercado passou para a administração municipal. Depois de durante a décade de 80 do século XX o espaço já ter sofrido obras de remodelação, demolição e ampliação – com projetos da autoria dos arquitetos Daniel Santa Rita, Alberto Oliveira e Rosário Vernande -, em 2013 é criado um novo conceito de mercado, tendo este sido renovado com um conceito gourmet, inspirado no Mercado de San Miguel, em Madrid.

Saíndo do mercado pel a Rua Coelho da Rocha, contorna-se o quarteirão pela Rua Tenente Ferreira Durão e vira-se à direita na Rua Almeida e Sousa. Na esquina com a Rua Francisco Metrass ergue-se o Cinema Europa, um edifício residencial que foi, outrora um dos ex-libris do bairro. Originalmente inaugurado nos anos 30 do século XX como sala de cinema, com projeto de Rui Martins, foi depois alterado pela mão de Antero Ferreira, já na década de 50, altura em que a fachada recebe um alto relevo da autoria de Euclides Vaz, onde está representada Europa, figura da mitologia grega, filha do rei fenício Agenor e irmã de Cadmo. Em 1981 deixa de funcionar como sala de cinema e começa a ser estúdio de programas televisivos, tendo sido demolido em 2010 para dar lugar a um edifício de apartamentos. No piso térreo, funciona a Biblioteca / Espaço Cultural Cinema Europa.

Em frente, é possível vislumbrar já algum arvoredo do Jardim Teófilo Braga, mais conhecido como Jardim da Parada por aí se realizarem as paradas do quartel. A construção do jardim, que dispõe de um parque infantil, um quiosque com esplanada, um coreto, um lago e um património vegetal interessante, foi  iniciada já depois do bairro se encontrar parcialmente urbanizado. Em 1920, foi inaugurada a estátua de Maria da Fonte, da autoria do escultor António Costa (tio), de forma a assinalar o centenário da instauração do regime liberal.

Já na Rua Infantaria 16, mais precisamente no número 46, encontra-se o Pátio das Barracas. Construído nos finais de oitocentos por Benitez, este era um bairro operário da firma Lopes, Esteves & Cª, e era composto por duas correntezas de casas de piso térreo que, no meio, formam o pátio. Estas humildes vilas, espalhadas um pouco por todo o bairro, eram ‘aldeias’ no meio da cidade que, no século passado, fervilhavam de gente. Agora, apesar das paredes ansiarem por umas pinceladas de tinta, ainda é possível ver os traços de ruralidade neste pátio, como os tanques de betão onde as mulhereres lavavam a roupa.

Um pouco mais acima, depois de atravessar a principal artéria do bairro, a Rua Ferreira Borges, ergue-se o Quartel de Campo de Ourique, construído nos finais do século XVIII por ordem do conde de Lippe. O conde de Lippe desembarcou em Lisboa em 1762 com a incumbência de reoganizar o Exército e, durante esse processo, foram construídas várias fortificações militares destinadas a aquartelamentos militares.  Em 1816, este quartel já era sede do regimento da Infantaria 4 e, em 1831, passou a ser ocupado pela Infantaria 16, que ali se manteve até 1912. Durante a sua longa história, o quartel sofreu diversas obras de restauro e ampliação, mas manteve sempre o núcleo prinmcipal com a traça original, constituído pelos edifícios do comando e por duas alas de edifícios paralelos, separados por uma calçada. Em 1979, foi ali criada a Escola do Serviço de Saúde Militar, que permanece até aos dias de hoje.

Virando à direita na Rua Luís Derouet e ao fundo à esquerda, na Rua Coelho da Rocha, encontra-se a Casa Fernando Pessoa, última morada do poeta (de 1920 a 1935). Este edifício foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, que manteve a fachada e readaptou todo o seu interior para servie as suas novas funções: ser a casa da poesia em Portugal. Inaugurada em 1993, a Casa Fernando Pessoa é um espaço de homenagem ao poeta e tem como principal objetivo preservar a sua memória na cidade. Definindo-se como um polo cultural, a casa dispõe de um jardim, auditório, salas de exposição e uma biblioteca dedicada exclusivamente à poesia e parte do espólio do poeta.

Continuando para sul na mesma rua, chega-se ao Pátio dos Artistas, mais uma vila mas que, ao invés de ter sido criada como local de habitação de operários, nasceu  com outra finalidade: apoiar as artes. Projetado pelo arquiteto Cristino da Silva, o espaço é constituído por uma série de ateliês de artistas.  Ao longo dos tempos, já passaram por ali nomes como Cotinelli Telmo, Leopoldo de Almeida, Álvaro Brée, Domingos Rebelo, António Lino, Eduardo Nery, entre outros. Algumas das fachadas e empenas de edifícios ostentam baixos relevos alusivos às artes, com características marcadamente modernistas ou Art Deco.

 

[Fotografias de Humberto Mouco]

O que têm em comum as montanhas-russas que tanta adrenalina provocam nos mais corajosos e a adolescência, com o seu universo de tantas, e tão ambíguas, emoções à flor da pele? Inês Barahona e Miguel Fragata respondem com um musical vibrante que acompanha, através do discurso diarístico, quatro personagens de gerações diferentes que, embalados pelas canções originais de Hélder Gonçalves, nos levam “a dar uma volta rápida, intensa e transformadora na Montanha-Russa que é a adolescência.”

A raiz do espetáculo nasceu de um open-call para a entrega de diários. “Recolhemos mais de 20, de pessoas de diferentes e de períodos diversos”, explicam. A partir deles, “criámos personagens que retratam a adolescência nos anos de 1970, 1980, 90/2000 e um mais atual que troca a caneta e o papel pelo teclado e o blog”. A interpretá-los estão, respetivamente, Anabela Almeida, Carla Galvão, Miguel Fragata e Bernardo Lobo Faria.

A música é protagonista nesta ‘Montanha-Russa’ que é a adolescência

 

Como “chão comum” para estas personagens – que afinal têm muito mais a uni-las do que a separá-las, apesar das gerações a que pertencem –, em palco há canções originais interpretadas ao vivo por um elenco de músicos de exceção: Hélder Gonçalves, Manuela Azevedo, Miguel Ferreira e Nuno Rafael. Eles dão, contracenando com os atores, um caráter ainda mais vertiginoso e vibrátil a este maravilhoso espetáculo, feito e pensado para adolescentes, mas que promete conquistar públicos de todas as idades.

Em complemento ao espetáculo, Maria Remédio realizou um documentário intitulado Canção a Meio que acompanhou todo o processo de construção do espetáculo, desde o contacto com jovens ao processo de composição da música e construção dramaturgica (a ver a 11 e 25 de março, a seguir ao espetáculo, e a 27 de março, Dia Mundial do Teatro, às 16h30). No dia 23, especialmente para os jovens, o Teatro Nacional D. Maria II patrocina, logo após o espetáculo, uma noite Teen Friendly, com muita música para dançar.

Em 1949, em Savigny-sur-Orge, na região de Essone, a Senhora Rabilloux, mãe de duas raparigas, investiu um martelo contra o crânio do marido enquanto ele lia o jornal. Metodicamente, esquartejou o corpo e, noite após noite, foi-se livrando dos pedaços, lançando-os a partir de um viaduto para os comboios de mercadorias que passavam. O crime acabou por ser rapidamente deslindado, até porque, Amélie Rabillou confessou-o prontamente quando a polícia a procurou.

Chegada às páginas do Le Monde, a notícia fascinou a escritora Marguerite Duras, sobretudo quando percebeu, através das crónicas de Jean-Marc Théolleyre, que a assassina “nunca parou de fazer perguntas para tentar perceber aquele crime” que ela própria cometera.

Isabel Muñoz Cardoso interpreta Claire Lanne

 

A razão do fascínio materializou-se na obra de Duras. Primeiro, através da peça Os Viadutos de Seine-et-Oise, depois no romance A Amante Inglesa; e, depois ainda, numa adaptação ao teatro desse romance, que daria lugar a O Teatro da Amante Inglesa, texto que a autora não abandonou, reescrevendo-o continuamente. Porém, como exemplar ficcionista, a Senhora Rabilloux torna-se Claire Lanne, dona de casa, casada com Pierre, um homem que pouco mais do que a despreza. A vítima do crime também se altera. Não é o marido, como na vida real, mas uma prima deste, que com eles partilha a casa.

Assim, em cena, e em momentos diferentes, encontramos Pierre (João Meireles) e a misteriosa Claire (Isabel Muñoz Cardoso). Ambos são entrevistados por um personagem anónimo (Pedro Carraca) que, vindo da plateia, tenta deslindar o mistério que envolveu Duras e se prepara para enlear o público. Tal como a autora, e como sublinha o encenador Jorge Silva Melo, é “a banalidade do mal que nos vai fascinar, jamais as respostas que nunca teremos.”

Exercício singular sobre o crime e a loucura e sobre as tortuosas e inexplicáveis razões do comportamento humano, O Teatro da Amante Inglesa é, como escreveu um dia Cameron Woodhead, “teatro brilhante, puro e simples.”

Ao abrir as portas do seu apartamento a Alberto (Diogo Infante) e Bernardete (Rita Salema),  o casal Verónica (Patrícia Tavares) e Miguel (Jorge Mourato) está apostado em demonstrar toda a civilidade, depois do filho dos primeiros ter partido dois dentes ao deles numa discussão entre crianças. Na sala, frente a frente, Verónica vai lendo a declaração amigável a ser apresentada ao seguro, porém, as primeiras altercações entre os casais começam quando alguns termos do texto incomodam Bernardete. A partir daí, a situação descontrola-se e, em crescendo, as ofensas extravasam o razoável. A outrora pacata sala de estar transforma-se, assim, numa arena de onde, provavelmente, ninguém sairá vivo.

Nome incontornável do teatro e das letras francesas, Yasmina Reza atingiu a notoriedade nos anos de 1990, sobretudo devido ao estrondoso sucesso mundial da peça Arte (encenada pela primeira vez em Portugal por António Feio, em 1998). Há precisamente uma década, a dramaturga estrearia, em Paris, uma das mais primorosas dissecações dos valores burgueses na comédia negra Le Dieu du Carnage, numa produção que contou com Isabelle Huppert no elenco, e que valeria à autora o seu segundo Tony Award. A aclamação generalizada de público e crítica levaria a peça para o cinema – num filme de Roman Polansky, com Kate Winslet, Jodie Foster, John C. Rilley e Christopher Waltz – e por cá, João Lourenço juntava-se aos muitos encenadores que, da Europa aos Estados Unidos, não conseguiam resistir ao fogo cruzado entre dois casais com vidas aparentemente confortáveis, mas munidos de um rol de intensas frustrações prestes a tornarem-se explosivas.

“Considero-o um texto brilhante que importa dar a descobrir a toda uma geração que não teve hipótese de o ver representado em palco”, aponta o encenador Diogo Infante, sublinhando ainda o orgulho de contar, nesta coprodução entre o Teatro da Trindade/INATEL e a Plano 6, com o elenco certo para o representar. “Esta peça é como um jogo em que nós, enquanto atores, vamos navegando em águas agridoces, oscilando constantemente entre o drama e a comédia, e surpreendendo constantemente o público, até porque tudo decorre com enorme imprevisibilidade.”

Para lá do brilhantismo do texto rápido, cortante e vertiginoso, as pouco simpáticas personagens são facilmente “reconhecíveis na vida real”, o que faz de O Deus da Carnificina “uma peça de grande atualidade”. “O Alberto e a Bernardete são o casal tipicamente burguês que, tendo ou não dinheiro, usam e abusam da aparência”, refere o encenador. Ele é um advogado inescrupuloso, que passa todo o tempo agarrado ao telemóvel; ela é uma mulher carregada de ambição social e com muito pouca tolerância ao álcool. Do outro lado, estão Verónica, estudiosa de arte africana e escritora errante, munida de “muita preocupação social”, e Miguel, dono de uma pequena empresa de venda de ferragens. “Diria que eles são aquilo que apelidamos de ‘esquerda caviar’, sobretudo ela. Até porque, se alguma personagem demonstra alguma normalidade é o Miguel”, acrescenta. Afinal é o único que se considera “um grunho” e desafia todos os outros a deixarem “cair as máscaras”. Como se, aos nossos olhos, elas já não tivessem caído.

Imposto pelas normas sociais com o intuito de transformar as pessoas em homens ou mulheres com consequências reais nas suas vidas, o género não é algo que os indivíduos possuam, mas sim algo que se vai construindo a cada momento do quotidiano, em permanente interação com os outros. A identidade do género, como a heterossexualidade, o lesbianismo, a homossexualidade, a transsexualidade, a intersexualidade, a bissexualidade, o transgenderismo, entre outras, tornam-se, assim, um ato de liberdade, diversidade e expressão individual.

Conduzida pelo corpo, identidade e resistência – as dimensões presentes na construção diária do Género -, esta exposição, com curadoria de Aida Rechena e Teresa Furtado, procura destruir estereótipos relativamente à compreensão do género, levando para o espaço museológico a reflexão e o debate sobre a sua dimensão a partir de um conjunto de obras de artistas portugueses.

E porque os museus não são lugares neutros, mas procuram antes dar respostas a questões fundamentais para a sociedade, nesta mostra a resposta é dada através de trabalhos de Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal, Carla Cruz, Cláudia Varejão, Gabriel Abrantes, Horácio Frutuoso, João Gabriel, João Galrão, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, Maria Lusitano, Miguel Bonneville, Thomas Mendonça e Vasco Araújo.

Em 2011, chegaram, viram e venceram, com o primeiro álbum, Cai o Carmo e a Trindade. Estavam à espera de causar tanto furor?

Marisa Liz: Todos nós já tínhamos tido projetos anteriores, já andávamos por cá há algum tempo. Eu, o Ricardo, o Tiago e o Rui vínhamos de uma banda de bares chamada Catwalk. Lançar os Amor Electro, editar o primeiro disco e acontecer tudo isto, sinceramente não estávamos à espera. Claro que há sempre esperança, porque se não não fazemos nada para que as coisas aconteçam. Acreditávamos que era possível, achávamos que tínhamos um som próprio, que juntos éramos mais fortes, mas na realidade recebemos muito mais do que estávamos à espera.

A vossa música junta modernidade e tradição, raízes populares e eletrónica. Mistura-se tudo e temos os Amor Electro. Como chegaram a esta identidade?

Tiago Dias: Somos todos distintos a nível de identidades musicais, apesar de nos entendermos todos e de termos uma química única. Aquilo que temos só resulta com estas cinco pessoas. Cada um tem o seu estilo: a tradicionalidade da banda é dada pela Marisa, o Rex é um eclético, o Ricardo pende mais para o jazz, o Mauro para a música alternativa (é o nosso Thom Yorke) [risos], e eu tenho uma vertente mais anglo-saxónica e pop, diria. A junção destas cinco personalidades, cada uma com as suas influências, acaba por resultar nisto. É algo muito natural e genuíno.

Em pouco tempo afirmaram-se como uma das maiores bandas portuguesas da atualidade, somando nomeações, prémios e esgotando concertos. Num país com um mercado tão pequeno, qual é o segredo do vosso sucesso?

TD: A dificuldade não é atingir o sucesso, é conseguir mantê-lo. Essa é sempre a grande questão. Há bandas que surgem com um single que tem imenso sucesso e passado algum tempo caem no esquecimento. É difícil manter esse interesse, ser consistente e manter as pessoas recetivas ao que fazemos. Esse é o grande desafio.

O lado visual é muito importante para a banda. É uma forma importante de comunicar?

ML: Acima de tudo é uma parte divertida. Costuma-se dizer que a primeira impressão é muito importante. Tentamos que a nossa imagem e a nossa música sejam consistentes e que passem uma mensagem no seu todo. Temos a sorte de poder vestir coisas super doidas sem ninguém nos internar, o que é um dos grandes aspetos positivos desta profissão [risos]. Há roupas específicas que nos dão mais força, mais confiança, que fazem com que sejamos mais aventureiros, é quase como um alter-ego. Todos os super-heróis mudam de roupa para irem combater o mal, tem de haver uma explicação para isso [risos]. Não preciso de me sentir a Super-Mulher todos os dias, mas há concertos para os quais nos vestimos de forma mais extravagante, outros de forma mais discreta. Tudo depende da energia do momento, do tipo de público que vamos ter, e, sobretudo, daquilo que precisamos nesse momento. Às vezes estamos a tocar num sítio onde a nossa roupa até pode ser desadequada, mas naquele momento precisamos daquela roupa para nos dar confiança.

O novo single, Procura por Mim, tem a particularidade de ser cantada pelo Tiago, algo de inédito. Cantar com a Marisa foi um desafio?

TD: Sim, quase tive um AVC antes da gravação [risos]. A história desta canção é muito longa, foi uma sucessão de eventos que nos trouxe até aqui. Quando optámos por ter a minha voz, fui sozinho para estúdio ver como é que a coisa corria, para perceber se me sentia confiante. Entretanto regravei com as diretrizes da Marisa, e para mostrarmos à editora o produto final resolvemos fazer uma pequena partida, uma versão um bocadinho diferente… uma coisa assim tipo Pavarotti em final de carreira só para ver qual era a reação [risos].
ML: Tudo o que isto envolve e que a música acarreta, transformou-se em algo muito maior do que todas as complicações que tivémos para chegar até aqui. Foi um processo cheio de entrega, que quisemos partilhar com as pessoas que gostam de Amor Electro. Aliás, o videoclipe retrata a vida das pessoas, são momentos do dia-a-dia a que não normalmente damos importância… Esta música é uma reunião de sentimentos e este é um disco de intenções emocionais, de estarmos mais perto do que achamos mais importante.

Este ano, voltam a participar na edição do Montepio – Às vezes o Amor. O que pensam do conceito do festival?

ML: Um festival no Dia dos Namorados era algo que nunca tinha acontecido. Um evento que decorre em várias cidades, só com artistas portugueses, sempre em salas emblemáticas e onde se pode viver uma noite que, não sendo só para namorados, é uma noite de amor. Há amigos que vão juntos, há pais que vão com filhos… O ano passado até houve um pedido de casamento no Coliseu do Porto e também houve outra coisa muito gira, a kiss cam, como se faz na NBA. Havia um casal mais velho que estava muito entusiasmado, e houve um momento um bocado desconfortável para toda a gente, mas foi uma experiência gira. Basicamente vai ser uma celebração do nosso percurso com as músicas que toda a gente conhece, e outras do disco que está para sair.

Sei que haverá convidados muito especiais. O que podem adiantar?

ML: Vamos celebrar estes últimos oito anos no Campo Pequeno, e queremos muito partilhar estas canções com pessoas de quem gostamos e que admiramos. Uma das convidadas é a Áurea. Não vou adiantar qual é o tema que vamos partilhar, mas posso dizer que vai ser intenso. Outra das surpresas é o grande e único José Cid, com quem temos uma relação próxima. Vamos também ter connosco em palco a grande Teresa Salgueiro, e ainda outros que não vamos revelar já, mas que são igualmente interessantes e completamente diferentes uns dos outros. Vai dar-nos muito prazer ouvir as nossas músicas interpretadas por estas pessoas, artistas muito respeitados no nosso país e com uma forma de cantar muito própria.

No cartaz deste ano, há algum concerto que não podem mesmo perder?

ML: O cartaz é muito interessante, não é fácil escolher, mas gostava de assistir ao concerto da Sara Tavares, Deixem o Pimba em Paz e Resistência.

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